Em colaboração com KooZA/rch, compartilharemos nas próximas semanas uma seleção de projetos estudantis não realizados, juntamente com propostas construídas de escritórios que exploram técnicas de representação. O objetivo é "explorar o papel do desenho arquitetônico como ferramenta de comunicação" e, com isso, provocar uma discussão sobre o uso contemporâneo, o formato e o papel do desenho.
Mare Nostrum / Deniz Basman e Louis Mounis
Este projeto começou com a noção de memória de habitar através do Mar Mediterrâneo e terminou com a apresentação de quatro projetos arquitetônicos: uma adega, um espaço de armazenamento de arte, uma estufa e um mercado de peixe.
Além desses quatro projetos, o principal impulso deste TCC consistiu em fazer uma longa viagem pelo Mar Mediterrâneo. Esta viagem foi documentada na forma de 210 desenhos, colagens, maquetes, fotografias e vídeos.
Nós nos concentramos na ideia de artesanato tradicional como um veículo para a memória e, mais precisamente, no objeto do tapete. Nós realizamos pesquisas e, eventualmente, criamos um tapete que foi tecido por artesãos turcos. Seu desenho representa esses quatro projetos arquitetônicos sob a forma de símbolos tradicionais.
KooZA/rch: Por que vocês trabalharam com colagem?
Deniz Basman e Louis Mounis: Nós sempre trabalhamos com colagem, mas sempre adaptamos essa técnica às especificidades do projeto em que trabalhamos. Para Mare Nostrum, queríamos usar uma técnica mais pessoal - que também estava ligada ao contexto narrativo por trás do nosso projeto - e imediatamente pensamos em miniaturas otomanas. Esta é uma forma de representação que foi usada por nações ao redor do Mar Mediterrâneo por um longo período de tempo. Aqui, pretendemos reinterpretar esse estilo.
KA: Vocês exploram e alcança profundidade através de uma representação plana. Quão importante é isso para o projeto?
DB & LM: Essa "planicidade" nos permitiu focar o enquadramento, ou a composição, das imagens. "Aplanar" a imagem nos permitiu "enganar" quando se tratava dos elementos que queríamos mostrar; em outras palavras, conseguimos apresentar também muito contexto em conjunto com intervenções arquitetônicas. Era uma maneira de afirmarmos visualmente os elementos imaginários que também estão presentes na narrativa de nossos projetos. Queríamos nos afastar das imagens renderizadas super-realistas que vemos em todos os lugares, e buscamos narrar contos e histórias.
KA: O que ditou o formato retangular das imagens?
DB & LM: Este formato é tradicionalmente usado em miniaturas. As dimensões das versões impressas também eram bastante pequenas, como também é tradicionalmente, o que as fez aparecer como cartões postais - objetos que capturam memórias.
KA: Vocês concordam com a ideia de que "o meio é a mensagem"?
DB & LM: Nós escolhemos usar muitos meios diferentes - como um tapete, miniaturas, modelos impressos tridimensionais, fotografias e publicações - porque os vimos como elementos narrativos em uma história que queríamos contar. Usar um tapete, por exemplo, era uma maneira de questionar os apoios visuais que usamos na arquitetura - mas também refletir sobre o conhecimento que precisa ser acumulado para fazer um projeto.
Mare Nostrum é o TCC de Deniz Basman e Louis Mounis na Ecole Spéciale d'Architecture de Paris (2016). A banca incluiu Sébastien Chabbert, Doris Von Drathen, Cédric Libert, Nicolas Dorval-Bory, Reza Azard, Jean-Benoît Vétillard, Samuel Jaubert de Beaujeu e Charles Aubertin. O projeto foi compartilhado como parte de uma colaboração com KooZA / rch.